A Real Caçada ao Sol

19 set - 29 out 2000

tradução e dramaturgia Graça P. Corrêa
encenação Carlos Avilez
música Rão Kyao
movimento Vera Mantero
desenho de esgrima Eugénio Roque
desenho de luz José Carlos Nascimento
apoio vocal Ana Ester Neves
linguagem gestual João Alberto
protagonistas António Marques e Paulo Pires
participação especial Rui de Carvalho
elenco residente Alberto Villar, António Banha, Carlos Cabral, Igor Sampaio, João de Carvalho, Manuel Coelho, Rui de Matos, Vítor Ribeiro
actores convidados Diogo Morgado, Eurico Lopes, Guilherme Filipe, João Craveiro Reis, José Eduardo,  Miguel Romeira, Nuno Emanuel, Paulo Rocha, Pedro Matos, Renato Godinho, Ricardo Pereira, Adriano Bailadeira, André Amálio, Amândio Pinheiro, Bernardo Mendonça, Carlos Pereira, Guilherme Noronha, Henrique Félix, Jaime Vischal, João Gamboa, João Lizardo, John Romão, José Lobato, Júlio Mesquita, Luís Barros, Luís Pereira, Luís Silva, Mafalda Santos, Mário Afonso, Nelson Silva, Nuno Távora, Pedro Amaral, Renato Aires, Ricardo Almeida, Rui Rosa, Sara de Castro, T. Sérvulo Correia, Tiago Pereira

A Real Caçada ao Sol é uma das peças mais importantes na dramaturgia de Peter Shaffer, assinalando temática e tecnicamente o seu afastamento de um realismo social em prol de uma incursão genuinamente inovadora na estética de um "teatro total”, pela qual o dramaturgo veio a tornar-se mundialmente conhecido.

Para medirmos o alcance temático desta obra dramática, há que considerar igualmente o contexto histórico do conflito central. À semelhança de outros historiadores, Shaffer ficou impressionado com os acontecimentos terríveis e assombrosos que se desenrolaram na América do Sul, no início do século XVI, quando os representantes europeus da Cristandade conquistaram o Império Inca numa luta de morte.

Nas palavras do autor, "a peça é acerca de dois homens: um deles é um ateu e o outro é um deus. Tal como a maior parte das pessoas religiosas ortodoxas, Pizarro é na prática um ateu: acredita vagamente em Deus, mas encara-o como algo de exterior ao universo, essencialmente irrelevante em relação ao mesmo e a todas as transacções diárias no mundo. Athuallpa é um deus: para o seu povo ele é o soberano, o mestre e consequentemente a fonte de todos os benefícios, e também a personificação do sol, o dador da totalidade da vida”. Segundo Shaffer, o tema central da peça é portanto "a procura de deus…a procura de uma definição para a ideia de deus”.

Inacreditavelmente, através de artimanhas e traição, bastaram 167 guerreiros espanhóis para conquistar e subjugar o gigantesco domínio dos Incas. Situada no período de 1529-33, a peça de Shaffes retrata a segunda expedição dos espanhóis à América do Sul, liderada por Francisco Pizarro, em nome do Rei de Espanha e Imperador do Sacro Império Romano, Carlos V. Ao chegar à terra do ouro, depararam-se com uma imensa civilização, de seis milhões de nativos organizados em cem tribos sob o governo do rei Athuallpa, "filho imortal do deus sol”. Simulando uma missão de paz, os espanhóis são recebidos pacificamente pelos índios e o seu rei, pelo que lhes é fácil apreender Athuallpa e chacinar milhares de homens desarmados, numa carnificina que se tornou historicamente célebre e que Shaffer retrata admiravelmente. Com vista à libertação do seu rei-deus, os incas reúnem então um imenso resgate em peças de ouro maciço assim que este lhes é pago, contudo, os espanhóis assassinam Athuallpa – pondo fim a um império com mais de dois mil anos.

Shaffer baseou-se em documentos históricos para escrever a sua peça, retratando de uma forma justa este confronto momentâneo entre Europa e o Novo Mundo. E, embora o autor não seja considerado um dramaturgo político, a peça demonstra com evidência o cinismo e a brutalidade inerentes à construção de um império, enquanto pano de fundo para o confronto entre Pizarro e Athuallpa.

Um dos aspectos mais contundentes e originais da peça A Real Caçada ao Sol reside na própria escrita cénica de P. Shaffer, no seu potencial de uma teatralidade espectacular que consegue de facto informar e ao mesmo tempo emocionar os seus espectadores. A peça é intencionalmente uma experiência mista de teatro "épico”, na linha de Brecht, e de "teatro total”, na linha de Antonin Artaud: uma obra ritualista e didáctica, onde se combinam as palavras, os ritos, a mímica, as máscaras e a magia. E isto porque, no teatro de Shaffer, os actores possuem uma qualidade sagrada e sacerdotal, "são parcialmente criados pelos espectadores, os quais, por sua vez, são simultaneamente criados por eles”.

Para atingir esta magia teatral, a escrita cénica do autor concentra-se nos sentidos visuais e auditivos. A peça é assim concebida como uma partitura de símbolos e imagens, numa orquestração de efeitos especiais pontuada por uma banda sonora quase permanente, constituindo uma grande produção que tem sido mundialmente aclamada.


tradução e dramaturgia Graça P. Corrêa
encenação Carlos Avilez
música Rão Kyao
movimento Vera Mantero
desenho de esgrima Eugénio Roque
desenho de luz José Carlos Nascimento
apoio vocal Ana Ester Neves
linguagem gestual João Alberto
protagonistas António Marques e Paulo Pires
participação especial Rui de Carvalho
elenco residente Alberto Villar, António Banha, Carlos Cabral, Igor Sampaio, João de Carvalho, Manuel Coelho, Rui de Matos, Vítor Ribeiro
actores convidados Diogo Morgado, Eurico Lopes, Guilherme Filipe, João Craveiro Reis, José Eduardo,  Miguel Romeira, Nuno Emanuel, Paulo Rocha, Pedro Matos, Renato Godinho, Ricardo Pereira, Adriano Bailadeira, André Amálio, Amândio Pinheiro, Bernardo Mendonça, Carlos Pereira, Guilherme Noronha, Henrique Félix, Jaime Vischal, João Gamboa, João Lizardo, John Romão, José Lobato, Júlio Mesquita, Luís Barros, Luís Pereira, Luís Silva, Mafalda Santos, Mário Afonso, Nelson Silva, Nuno Távora, Pedro Amaral, Renato Aires, Ricardo Almeida, Rui Rosa, Sara de Castro, T. Sérvulo Correia, Tiago Pereira

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