Num velho armazém à beira-rio, seis personagens partilham a arena, um ringue de boxe convertido numa pista de dança. Bruce, Sabina, Jorgina e Céu dançam há 27 dias, num concurso-maratona que é um labirinto de exaustão. Comandados pelo mestre-de-cerimónias do show, o Dj Bigbang, qual filósofo indolente que tenta quebrar os concorrentes com os seus juízos ácidos, cada concorrente, enquanto dança, partilha a sua história, os segredos mais íntimos e ocultos, enquanto tenta eliminar o adversário. Observados permanentemente pelo público e por um enorme "Olho de Vidro” que assiste a este desfile de misérias humanas, para os concorrentes vale tudo para ganhar um prémio-mistério, menos tocar com um joelho no chão e parar. Até onde somos comandados pela televisão, pelos reality shows, pelas telenovelas? Como se consegue (sobre)viver num lugar onde todos nos vêem? "B.B. Bestas Bestiais” é uma excelente metáfora da sociedade actual, obcecada com o mediatismo, onde se fala de fé, amor, mentira, solidão, morte. Nesse ‘circo’, cada um desperta o seu lado mais bestial, numa libertação que é também uma revolução individual. Mas será esta maratona uma passagem para o mundo dos afectos ou o pretexto para a libertação dos instintos mais violentos?