Rhinocéros (Ionesco)
Rhinocéros (Ionesco)
Mostra Internacional de Teatro – Junho | Julho
Portugal, Espanha, França, Canadá, Roménia, Itália, Brasil
França
13 | 14 21h30
Sala Garrett
Duração 2h10
 
Rhinocéros, de Ionesco
Direcção Emmanuel Demarcy-Mota
Théatre de la Comédie de Reims, França
AFFA Association Française d’Action Artistique
Nascido na Roménia em 1912, Ionesco assistiu à ascensão dos ideais nazis e talvez por isso tenha criado este Rhinocéros, uma obra emblemática contra a robotização dos indivíduos, um alerta contra a histeria colectiva, o totalitarismo e as ditaduras. Peça escrita em 1958 e representada pela primeira vez em 1960, Rhinocéros foi o primeiro sucesso de Ionesco em teatro. Mais do que apresentar-nos uma intriga, esta peça apresenta uma sucessão de imagens cénicas que Ionesco justifica da seguinte forma: “Respeito as leis fundamentais do teatro: uma ideia simples, uma progressão igualmente simples e uma queda”.
As ruas de uma pequena cidade adormecida pela mediocridade, são subitamente atravessadas pelo percurso de um rinoceronte. Trata-se de um homem Jean, que, aceitando a metamorfose, se apresenta como um animal selvagem. A partir daí, e como se de um epidemia se  tratasse, todos os habitantes da cidade manifestam características animalescas, defeitos, traços de personalidade que os predispõem à “rinocerite” e acordam o monstro que há em cada um: egoísmo, vaidade, ambição, hipocrisia, atracção pela violência, falsa lógica. No final sobrará apenas “o último homem”, Bérenger, amigo de Jean. Apesar da metamorfose que se espalhou por toda a cidade, Bérenger manter-se-á instintivamente  ligado à sua humanidade e aos valores humanistas.
A propósito desta encenação, Emmanuel Demarcy-Mota declara ter partido da ideia de Ionesco de que “há um monstro em cada um de nós, escondido sob o verniz da civilização e da educação”, monstro esse que “é ao mesmo tempo uma deformação do individuo e um espelho do mundo”.