Metamorphoses (Ovídio)
Metamorphoses (Ovídio)
Mostra Internacional de Teatro – Junho | Julho
Portugal, Espanha, França, Canadá, Roménia, Itália, Brasil
França | EUA | Itália
21 | 22 22h00
Ruínas do Carmo
 
Metamorphoses, de Ovídio
Direcção Alessandro Fabrizi
É bem verdade que as obras de qualidade excepcional são aquelas que não só não sofrem com o passar do tempo, como constantemente se actualizam com novas leituras, novas traduções, novas interpretações. As Metamorphoses de Ovídio são um exemplo claro do que aqui se afirma.
Terminada a sua redacção (provavelmente) no ano 8 d.C, As Metamorphoses são uma espécie de versão mitológica da história natural, um reconto da criação do universo inspirado na mitologia greco-latina. Aqui, todas as personagens se metamorfoseiam – em animais, plantas e minerais –, ganham novos corpos sem que, no entanto, em algum momento percam as suas características simbólicas  fundamentais.
Inspirado pelo tema central desta obra - a transformação, a perene e sucessiva transformação dos elementos -, Ted Hughes publicou em 1997 uma tradução de contos de Ovídio. O sucesso desta nova tradução ficou certamente a dever-se à competência da leitura do texto latino original, à competência no uso da língua inglesa, para a qual foi vertida a obra mas, também, e talvez sobretudo, por Ted Hughes ter feito mais do que uma tradução, por ter feito uma obra independente de releitura deste clássico da literatura ocidental.
Foi então a vez de Alessandro Fabrizi  e Kristin Linklater assumirem a obra como sua e, inspirados na enorme capacidade de transformação inerente, primeiro, ao texto de Ovídio e  depois, ao texto de Ted Hughes, construírem uma estrutura dramática para sete contos desta obra, contos que levam à cena narrados não numa única língua mas nas diferentes línguas maternas dos actores porque um dos factores que melhor exibe a diversidade do mundo e a diversidade da apropriação do mundo éo uso da língua, o uso das diferentes línguas.