Pranto de Maria Parda
texto e encenação
Miguel Fragata
texto e encenação Miguel Fragata
a partir de Gil Vicente
a partir de Gil Vicente
com Cirila Bossuet
música Capicua (com beat de Virtus), Xullaji
vídeo João Gambino
cenografia F. Ribeiro
desenho de luz Rui Monteiro
figurinos José António Tenente
desenho de som Nelson Carvalho
captação de som (vídeo) João Bento
assistência de encenação Rafael Gomes
consultoria José Camões, Mamadou Ba, Naky Gaglo, Marta Araújo, Sílvia Maeso, Joana Gorjão Henriques
técnica e operação Rita Sousa
produção Teatro Nacional D. Maria II
apoios Câmara Municipal de Lisboa, Lisbon Film Comission, Infraestruturas de Portugal
M/12
duração 60 min.
MAIS INFORMAÇÕES: PROGRAMACAO@TNDM.PT
Pranto de Maria Parda parte do texto homónimo de Gil Vicente, escrito no rescaldo de um ano devastador e é levado à cena em 2021, no rescaldo de um outro ano devastador. Este espetáculo propõe-se vaguear pelas ruas de Lisboa à escuta da voz daqueles que a cidade escolheu deixar de lado, hoje, como há cinco séculos.
1521: Maria Parda vagueia pelas ruas de Lisboa. Não reconhece a cidade, assolada pela fome e pela seca. Quis Gil Vicente que Maria Parda simbolizasse o ano mau, que fosse mulher e alcoólica e que não tivesse lugar na cidade.
2021: Lisboa está irreconhecível, desfigurada pela gentrificação, pela presença (e ausência) do turismo, pela pandemia. Quinhentos anos volvidos, Maria Parda continua sem ter lugar.
A tradição foi insinuando que da designação "Maria Parda” se extraía a ideia de uma mulher negra. Mas em nenhum momento Gil Vicente parece indicá-lo. Resultará essa conclusão de um preconceito de interpretação e de leitura? Como se olha para este texto com quinhentos anos à luz das questões do racismo e do feminismo, que ele próprio hoje convoca, e que são prementes? Que caminho fizeram este texto, a cidade e Maria Parda - até hoje?